18 de março de 2015

4 ideias erradas que se tem sobre a mulher da Antiguidade e da Idade Média

Um dos muitos trabalhos de um historiador é descobrir, nos relatos antigos sobre acontecimentos marcantes, quais são os fatos legítimos sobre eles. Muito do que os documentos nos mostram não passa de uma versão parcial da “verdade”, construída por alguém com ambições e interesses particulares, parciais. Felizmente, a arqueologia moderna tem feito descobertas que estão desmistificando alguns destes relatos, e mostrando - por exemplo - que o homem sempre foi sexista na construção da História. E que, em suma, as mulheres do passado certamente não ficavam na cozinha.

Mulheres lutaram como gladiadoras

Quem assistiu ao filme Gladiador, de Ridley Scott, ou ao filme Spartacus, de Stanley Kubrick, deve ter formado uma imagem bem peculiar dos gladiadores: escravos e criminosos do sexo masculino, forçados a lutar até a morte no Coliseu e em outras arenas menores, para entreter a população corrupta de um império corrupto.

Não surpreendentemente, os gladiadores não eram apenas homens – ou escravos. Alguns dos mais notáveis gladiadores foram voluntários, como soldados e políticos, e muitos deles eram mulheres. E, importante acrescentar, a presença delas nas arenas não se tratava de uma exceção para casos isolados: a inscrição de lutadoras foi ampla e politicamente garantida até o início do século III, quando o imperador Septimius Severus baniu a participação feminina em eventos “esportivos”.

Por que ninguém te contou isto antes? Porque se trata de uma descoberta extremamente recente. O castelo dessa presunção arqueológica ruiu apenas entre os anos de 1999 e 2000, quando pesquisadores descobriram uma tumba gladiatória com um esqueleto feminino.

As amazonas realmente existiram

A lenda das amazonas é amplamente conhecida em decorrência dos poemas de Homero, que popularizou essas guerreiras como integrantes de uma exótica fauna de criaturas fantásticas: mulheres que removiam os próprios seios para não se atrapalharem durante os combates, e matavam bebês e crianças que não fossem meninas.

A realidade é um pouco diferente. A arqueologia moderna está aos poucos se acostumando com a ideia de que as amazonas existiram, e pertenciam à tribo dos Citas, que viviam onde hoje é o Irã e a Turquia. E não eram apenas mulheres misândricas: armaduras e esculturas encontradas em antigos túmulos turcos indicam que homens que faziam a barba também eram admitidos entre elas. Chamá-los de “guerreiras mulheres”, além de generalizar a construção da História, provavelmente também era uma forma de “ofender” um grupo de oponentes com hábitos e trejeitos “femininos”.

Aproveite e clique aqui para ler um pouco mais sobre armaduras femininas na Idade Média. 

Os vikings levavam as esposas em suas viagens

Quando se ouve a palavra “viking”, geralmente se pensa em saqueadores e estupradores barbudos velejando em barcos compridos. Graças ao estereótipo, a última imagem que se tem de um viking é a de um marido fiel e companheiro. Alguns historiadores contestam esse senso comum.

O motivo é simples: os povos nórdicos estavam mais interessados em comércio e colonização pacífica do que em cortar gargantas. Em decorrência disso, as mulheres tinham uma participação infinitamente mais ativa do que pressupomos – elas administravam os assentamentos enquanto os seus filhos e maridos exploraram outros territórios. Dentro da comunidade nórdica, elas definitivamente não estavam relegadas a uma vida de servidão sexual e doméstica.

As artes rupestres foram feitas por mulheres

A arte rupestre nas paredes das cavernas sempre gerou fascinação. Recentemente, os pesquisadores descobriram representações de órgãos genitais nestas pinturas, e, como grande parte delas objetifica o corpo feminino, supôs-se que fossem desenhos feitos por homens.

Contudo, alguns cientistas resolveram tirar isto a limpo. Algumas dessas pinturas, especialmente as datadas entre o Neolítico e a Idade do Bronze, são acompanhadas por “assinaturas”, gravuras auxiliares que consistem no contorno dos dedos daqueles que as desenharam. Considerando que, nas mãos das mulheres, o anular costuma ser menor do que o indicador, chegou-se à conclusão que pelo menos 75% das pinturas rupestres foram feitas por mulheres.

E as vênus paleolíticas, aquelas imagens e esculturas que mostram mulheres com seios enormes e protuberantes? Não é possível afirmar com certeza, mas os cientistas notaram que todas elas apresentam uma estrutura física muito familiar a toda mulher que já ficou grávida. Talvez estas pequenas peças de arte fossem algo que as grávidas fizessem para ocupar seu tempo livre, e de alguma forma registrarem o fenômeno pelo qual seus corpos passavam.

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