8 de dezembro de 2014

Livro egípcio de feitiços do século VII é decifrado

Um antigo livro de feitiços, ou “Manual de Rituais de Poder”, como chamam os pesquisadores Malcolm Choat e Iain Gardner, professores da Universidade Macquarie e da Universidade de Sydney, acaba de ter sua tradução publicada. O livro contém vinte páginas em folhas de pergaminho, e foi escrito em Copta, uma das linguagens do Antigo Egito, provavelmente entre os séculos VII ou VIII, por algum integrante da seita dos Setianistas, os adoradores de Seth.

Os Setianistas foram considerados heréticos e estavam em franco declínio no século VII. O Códex, com sua mistura de encantamentos e tradições cristãs e setianas, pode ser um documento transicional, redigido antes que todas as invocações da seita fossem expurgadas dos textos religiosos. Seu conteúdo começa com uma longa série de preparativos ritualísticos, que eventualmente culminam em desenhos esquemáticos e palavras de poder. Estes esquemas são seguidos por uma série de prescrições ou feitiços para curar possessões e vários outros problemas mundanos, relativos ao amor e ao trabalho.

Em uma de suas fórmulas mágicas mais interessantes, o livro sugere que seu usuário use duas unhas cortadas para amaldiçoar o futuro sentimental de um inimigo, escondendo-as nas extremidades laterais da porta da casa desse indivíduo em questão. Há alguns outros encantamentos mais misteriosos e complexos, como a invocação de uma entidade nomeada “Baktiotha”, desconhecida pelos pesquisadores, mas subtitulada como “O Grande”, “O Confiável” e “Senhor das Serpentes” ao longo do Códex.

E quem eram os leitores deste manual, afinal? Pelo linguajar, ele aparentemente era destinado a usuários masculinos, não necessariamente vinculados ao sacerdócio ritualístico. Os pesquisadores, contudo, não descartam a possibilidade de que muitas mulheres tenham lançado mão dos feitiços ali sugeridos. Apesar do Códex ter sido decifrado, ainda existem inúmeras lacunas e mistérios relacionados a ele, a começar pela própria origem. A Universidade Macquarie o adquiriu no início da década de 80 de um antiquário em Viena, mas sua procedência anterior é desconhecida. O estilo da escrita sugere que ele veio do Alto Egito, provavelmente dos arredores da cidade de Ashmunein/Hermopolis, mas não há confirmação documental para tanto.

Atualmente, o manual encontra-se no Museu de Culturas Antigas na mesma Universidade, em Sydney. Uma cópia do livro de pode ser adquirida por cerca de R$300,00, com imagens das páginas originais, sua tradução e alguns fatos históricos de seu provável contexto original.

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