10 de dezembro de 2014

Como a agricultura quase destruiu a civilização humana

Há poucas coisas que mudaram a sociedade em geral, como a mudança de um estilo de vida de caçadores-coletores nômades para a criação de comunidades agrícolas. Esse impacto foi profundo, e a agricultura tem recebido crédito por sustentar populações das aldeias e cidades por milênios, permitindo que as pessoas voltassem sua atenção para o desenvolvimento de outras coisas, como as Artes e a Literatura. Mas apenas recentemente alguns pesquisadores descobriram que a agricultura também levou a um enorme e sombrio colapso da população.

Os cientistas foram capazes de rastrear a propagação da ideia de um estilo de vida mais sedentário. Esse modelo de sociedade começou alcançando o Mediterrâneo a partir da Ásia cerca de 8500 anos atrás. Quinhentos anos depois, tinha chegado ao centro da Europa. Finalmente, chegou à Grã-Bretanha e Irlanda há cerca de seis mil anos. Originalmente, a população disparou em crescimento. A comida era, sem dúvida, mais generosa, a colheita era mais fácil e as taxas de fertilidade aumentaram consideravelmente. Em outras palavras, as pessoas tinham mais tempo umas para as outras. Recentemente, no entanto, finalmente descobrimos o que aconteceu depois desse boom inicial.

A datação por radiocarbono tem ajudado pesquisadores a desbloquear novas informações sobre este período bastante inexplorado da história da humanidade. Eles descobriram que, por volta de 4000 a.C., houve uma queda maciça na população da Europa. Os números diminuíram entre 30 e 60% em muitas áreas, queda comparável com a que houve no continente durante a época da Peste Negra. Os indícios que levaram a essa conclusão são a quantidade de restos humanos deste intervalo, aliado à queda significativa na evidência de atividade humana e ao fato de não haver nenhuma causa definitiva para que essas coisas tenham coincidido.

Não foi qualquer tipo de mudança climática maciça que causou esse volume de mortes, e ainda assim isso aconteceu por mais de uma vez, com diferentes graus de severidade. No entanto, os cientistas tendem a concordar que, seja lá o que tenha provocado tal mortandade, já deixou de ser uma ameaça há séculos. E é aí que entra o modelo social baseado em assentamentos. Estudiosos acreditam que a então nova tecnologia agrícola da época simplesmente não tinha condições de sustentar o crescimento da população. Os agricultores ainda não sabiam muito sobre a degradação do solo e acabavam não deixando os campos recuperarem seus nutrientes; ao invés disso, as culturas foram continuamente crescendo e, consequentemente, prejudicando a qualidade da terra, reduzindo o volume da produção. Havia menos comida para alimentar um número cada vez maior de pessoas, e os grandes avanços que revolucionaram a sociedade também levaram à sua queda.

Há outro problema com o advento da agricultura como uma importante fonte de sustento: plantações precisam de espaço. Isso obrigou a população da época a devastar florestas, o que implicou numa queda considerável na quantidade de caça de animais então adequados à alimentação humana. Quando a colheita falhou, acreditam os cientistas, os primeiros agricultores já haviam exaurido fontes alternativas de alimentos, que sustentaram suas famílias em gerações anteriores. Em apenas algumas décadas, comunidades inteiras sucumbiram à fome generalizada na Europa.

Fontes: 01 e 02.

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