Um relatório recentemente
divulgado pelo Museu de Arqueologia de Londres (MOLA) revelou que uma cova
comum nos arredores do Convento Agostiniano e do Hospital de Santa Maria tinha
milhares de vítimas de uma fome que ocorreu em 1258. A fome em massa foi
causada por uma explosão vulcânica do outro lado do mundo, que enviou grande
quantidade de cinzas para a atmosfera e diminuiu a temperatura mundial.
“A bioarchaeological study of medieval burials on the site of St Mary
Spital: excavations at Spitalfields Market, London E1, 1991–2007” foi
redigido por uma equipe liderada por Don Walker, um osteologista do Museu de
Arqueologia de Londres. Como sugere o título, a pesquisa contém dados e
relatórios de escavações que ocorreram entre 1991 e 2007, culminando na
descoberta de mais de dez mil esqueletos humanos. A datação das ossadas as
remete a um período entre os séculos XII e XVI, e por inferência os
pesquisadores concluíram que um grande número de indivíduos foram enterrados em
um momento comum. Anteriormente, atribuía-se à Peste Negra de 1348 o motivo
mais provável para a vala comum, mas a datação específica por radiocarbono
revelou que os corpos foram enterrados em meados do século XIII.
Relatos do período mostram que
uma drástica alteração climática ocorreu nos primeiros meses de 1258. Matthew
Paris, cronista inglês, escreveu que "o
vento nortenho soprou sem intervalo, uma geada contínua acompanhada pela neve e
por um frio insuportável, de tal forma que varreu a face da terra, torturando
os miseráveis, suspendendo todo o cultivo, e matando o gado mais jovem, como se
uma praga geral se destinasse a assolar ovelhas e cordeiros".
Paris acrescenta que "uma terrível e insuportável peste assolou a
sociedade, especialmente suas classes mais baixas, onde a propagação da morte
atingiu seu grau mais lamentável". Essa “peste” levou à morte de quinze mil londrinos e "muitos outros milhares" ao redor da
Inglaterra.
Não se sabe ao certo onde a
erupção do vulcão ocorreu, mas o México, o Equador e a Indonésia são
considerados epicentros prováveis. Uma explosão da magnitude calculada teria
enviado cinzas vulcânicas à atmosfera, e facilmente reduzido as temperaturas
globais em até 4ºC. Amostras de gelo da Antártida comprovam que a concentração
atmosférica de sulfato à época foi imensa. Em termos comparativos, até oito
vezes maior do que a acumulada em decorrência da erupção do Krakatoa, em 1883 –
uma das maiores erupções vulcânicas conhecidas na História, cujos agravantes
climáticos globais perduraram por cinco anos.
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