Pesquisadores descobriram um
fragmento de papiro grego de 1500 anos com escrita que se refere à Última Ceia
e ao “maná do céu” "Maná", segundo o
livro bíblico de Êxodo, é um alimento produzido milagrosamente e fornecido diretamente por
Deus ao povo israelita. O fragmento foi provavelmente dobrado e usado dentro
de um medalhão ou pingente como uma espécie de talismã para proteção. Os
estudiosos acreditam que esse papiro é um dos mais antigos amuletos cristãos.
Roberta Mazza, que encontrou o papiro pesquisando milhares deles mantidos no cofre da biblioteca do Instituto de Pesquisa John Rylands da Universidade de Manchester, no Reino Unido, disse: “Esta é uma descoberta importante e inesperada, pois é um dos primeiros documentos registrados de uso da magia no contexto cristão e o mais antigo amuleto encontrado que se refere à Eucaristia – a Última Ceia – como o maná do Antigo Testamento”.
O texto do papiro é uma mistura
de trechos do Salmo 78: 23-24 e Mateus 26: 28-30, entre outros. Como cristãos
usam até hoje passagens da Bíblia como amuletos de proteção, a descoberta desse
fragmento pode marcar o início de uma tendência importante no Cristianismo. Diz
o fragmento:
“Temam todos àquele que governa sobre a terra. Saiba você, as nações e povos
que Cristo é o nosso Deus. Pois ele falou e eles vieram a ser, ele mandou, e
logo foram criados; ele pôs tudo sob os nossos pés e nos libertou do desejo de
nossos inimigos. Nosso Deus preparou uma mesa no deserto sagrado e ofereceu o
maná da nova aliança para que comêssemos, o corpo imortal do Senhor e o sangue
de Cristo derramado por nós na remissão dos pecados”.
Segundo Mazza, os indivíduos da
época acreditavam que tais passagens tinham poderes mágicos. Apoiando essa
ideia, vincos podem ser vistos no fragmento, sugerindo que o papiro foi dobrado
em um formato retangular medindo 3 por 10,5 centímetros, provavelmente para ser
usado ao redor do pescoço de uma pessoa.
“Esta prática não é muito diferente da de hoje de usar colares com
cruzes ou imagens de Jesus, Maria ou dos santos para proteção”, argumenta
Mazza. “Em muitas igrejas católicas, os
crentes recebem santinhos com uma oração no verso que podem levar consigo para
proteção”.
O amuleto foi escrito no verso de
um recibo que parece ser do pagamento de um imposto sobre grãos. O texto do
recibo, quase ilegível, refere-se a um coletor de impostos da vila de
Tertembuthis, localizada na zona rural de Hermoupolis, um antigo povoado cujos
limites hoje demarcam a cidade egípcia de El-Ashmunein. “O texto diz que o recebimento foi lançado na aldeia de Tertembuthis.
Portanto, podemos razoavelmente crer que a pessoa que reutilizou o recibo para
escrever o amuleto era dessa mesma aldeia ou região próxima, embora não
possamos excluir outras hipóteses”, afirma a pesquisadora.
A despeito do criador do amuleto
definitivamente conhecer a Bíblia, ele provavelmente não era um grande
estudioso dela. “Algumas palavras estão
com erros ortográficos e outras estão na ordem errada”, acrescenta Mazza. “Isso sugere que a pessoa estava escrevendo
de cabeça, ao invés de estar copiando do material original”.
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