17 de março de 2014

O orgulho irlandês de São Patrício

A crença mais comum sobre São Patrício é, bem, a de que ele é irlandês. Na realidade, pelo menos até onde apontam as fontes, especialmente suas próprias Confissões, o Patrício do século V era britânico, capturado por um grupo de ataque irlandês quando tinha cerca de dezesseis anos, e levado à Irlanda em regime de escravidão. As dificuldades pelas quais passou nas mãos de seus captores pagãos o aproximaram da religião, transformando-o em um cristão fervoroso, em constante regime de piedade e oração. Patrício enfrentou seis anos de cativeiro antes de conseguir escapar e voltar para a Inglaterra, supostamente sob a conveniente ajuda de algumas visões e milagres.

 Mas sua estadia na terra natal foi curta. Passaram-se apenas alguns anos na Grã-Bretanha até que Patrício recebesse uma “visão celestial”, que mostrava o povo da Irlanda em pranto, pedindo-lhe ajuda. Não tardou até que ele fizesse seu caminho de volta, uma missão que lhe impôs ainda mais dificuldades particulares – especialmente no que concernia à conversão dos irlandeses pagãos ao Cristianismo. Apesar de cansativos, seus esforços foram bem sucedidos: mesmo sob o constante risco de ser preso ou morto pela resistência irlandesa, ele estimou que milhares de pessoas de bom grado foram batizadas sob seus auspícios. Patrício passou o resto de sua vida, trinta ou quarenta anos, nesta missão, embora frequentemente confessasse seu desejo de voltar à Inglaterra. Ainda que sua obstinação e fidelidade aos princípios cristãos tenham permanecido razoavelmente inalteradas ao longo das décadas, é pouco provável que ele tenha “conduzido as serpentes para fora da Irlanda”, como sugere a lenda. O fervor de Patrício metaforicamente tirou uma serpente daquela terra, libertando os irlandeses daquilo que considerava como a influência da primeira representação bíblica de Satanás.

Mesmo que Patrício certamente não tenha sido o primeiro ou o último a pregar os princípios do Cristianismo na Irlanda, foram seus esforços que em grande parte transformaram o país em uma das regiões mais devotas do mundo. Durante toda a Idade Média, a piedade irlandesa foi extremamente bem documentada, e a síntese de sua antiga cultura religiosa pode ser facilmente encontrada no Livro de Kells, do século IX. Até onde se sabe, este florescimento espiritual mergulhou Patrício em retumbante satisfação, como ele próprio um dia descreveu: "Eu desejo apenas que vocês [irlandeses] também se entreguem a muitos esforços, ainda maiores e melhores do que os meus. Esta será a minha maior conquista, pois um filho sábio faz um pai orgulhoso".

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